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11 de setembro de 2009



«O pújá em si é algo espontâneo, um comportamento inato e instintivo de gratidão, reverência e lealdade.

Encontra-se presente no âmago de cada ser humano e remonta a tempos imemoriais de todos os lugares do planeta.

Tal gratidão é uma atitude universal, observada no quotidiano sob as mais variadas manifestações culturais, sejam filosóficas, artísticas, cívicas, políticas, religiosas ou científicas.

Para exemplificar, classificamos como pújá: uma criança oferecendo espontâneamente uma maçã à sua professora antes da aula; um estudante homenageando os pais ao concluir a faculdade; um soldado honrando o seu País ao hastear a bandeira; um discípulo reverenciando e defendendo o seu Mestre e a sua linhagem, entre outros.

Para ser designado como pújá, é preciso haver um sentido hierarquicamente ascendente: parte do aluno ao professor, do filho aos pais, do devoto à divindade, do discípulo ao Mestre. Jamais o contrário.

A intenção por trás do acto é outra relevante característica dessa prática. Significa agir com abnegação e sem esperar retorno, motivado pela satisfação de agradecer, honrar, servir e doar-se.

Tudo isso são diferentes formas para demonstrar a generosidade da nossa raça, virtude que nos permite viver e evoluir em sociedade.

O pújá acha-se bem desenvolvido e estruturado no Oriente, especialmente na Índia. De fato, tal conceito é muito popular naquele país.

Além de ser aplicado habitualmente no quotidiano hindu, esse costume também está inserido numa filosofia denominada Yôga, um dos seis pontos de vista (darshanas) do hinduísmo.


Uma parte imprescindível do Yôga

O melhor significado do termo sânscrito Yôga é integração consigo mesmo, com os outros seres e com o Universo.

A definição mais abrangente é: “Yôga é qualquer metodologia estritamente prática que conduza ao samádhi.”

O Yôga nasceu na Índia, há mais de 5.000 anos. Originalmente, é composto por vários conjuntos de técnicas integrados numa metodologia prática, podendo ser comparado a um colar de pérolas.

O pújá representa uma dessas pérolas e, a filosofia do Yôga, o fio que as une, formando o colar.

Hoje em dia, as mais variadas linhas de Yôga são praticadas por pessoas no mundo todo. No entanto, a grande maioria dos ocidentais desconhece o pújá, diferentemente do hindu que sempre o utiliza.

Dissociá-lo do Yôga é comprometer a autenticidade dessa filosofia prática e consequentemente a evolução do praticante.

O pújá no Yôga

O pújá no Yôga é realizado tanto na forma de reverência, oferenda e demonstração de lealdade, quanto por meio dos serviços prestados aos instrutores, mestres e demais preceptores de uma linhagem.

O objectivo do Yôga é expandir a consciência a patamares superlativos.

Por meio de uma determinada combinação de técnicas, o praticante desenvolve-se de maneira gradativa, ampliando sua vitalidade orgânica, passando pelo aprimoramento emocional e mental, até o aperfeiçoamento no plano intuicional e monádico.

Durante o processo evolutivo aprimora-se o ego, ferramenta importante que deve ser aproveitada pelo Ser Humano. Para tanto, é preciso não se deixar conduzir por ele, mas guiá-lo para fins construtivos.

Um dos principais motivos pelos quais centenas de linhas de Yôga têm surgido é a hipertrofia do ego de alguns instrutores. Estes, muitas vezes, acham que já sabem o suficiente e abandonam seus Mestres para “criar” seu próprio Yôga (!).

No entanto, fora da relação Mestre-discípulo, a meta do Yôga dificilmente é alcançada.

Para transcender nossa personam, é preciso contar com a interferência gravitacional de um Mestre.

Inicialmente, é necessário educar-se na arte de servir. Tal atitude denomina-se gurúsêvá, primeira e mais importante fase do discipulado.

E é nessa fase educativa que se aprende o significado do pújá: torrente de luz a nos levar pelo mar da sabedoria que integra a prática milenar do SwáSthya, o Yôga Antigo.»
Texto extraído do livro - "A Força da Gratidão (pújá)" do Mestre Sérgio Santos

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