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9 de julho de 2009

Tantra & Condicionamentos - Uma reflexão por Jóris Marengo

«O assunto condicionamentos é recorrente em nossas palestras e cursos, já que o tema parece fundamental para entendermos o Yôga como uma ferramenta de libertação.

- Mas que libertação é essa? – Exatamente deles, dos condicionamentos.


Pondero que a compreensão da:
1. Importância e função dos condicionamentos na evolução das espécies, e
2. Como eles modelam nossa visão da realidade, influenciando nossas escolhas que constroem o nosso karma, são essenciais para elaborarmos a maneira como lidaremos com o Yôga, tanto como prática e enquanto filosofia.

O samadhi, hiperconsciência ou iluminação é o fenômeno neurológico que possibilita contemplarmos a realidade sem o uso distorcido de lentes interpretativas, tais como as emoções, mente e intuição, mas como ela efetivamente se apresenta.

Todos os outros veículos acima são uma mera interpretação dos eventos e das formas animadas ou inanimadas a nossa volta, porque estão sob o domínio, a influência dos condicionamentos (vásanás), que manipulam nossos sentidos, criando, literalmente, uma visão pessoal, irreal do mundo.

Esta é, na nossa humilde opinião, uma forma de aprisionamento e o Yôga visa exatamente nos ajudar a deslocar-nos do condicionado para o incondicionado, a libertação final (môksha).

Acredito que para a maioria dos estudiosos e praticantes desta filosofia fóssil, este assunto é bastante familiar e não pretendemos aprofundá-lo.

Em realidade, queremos nos deter é no como executar, realizar este procedimento de libertação, e aí as modalidades de Yôga não são unânimes.

A maioria delas, por sofrer forte influência Vêdánta-Brahmáchárya, opta como método, pelo aniquilamento do ego através de técnicas ascéticas, restritivas dos sentidos, caracterizada pela negação do corpo e das sensações, consideradas como irreais, descartáveis, na busca da realidade última, denominada Átman.

Por ser repressivo, e, portanto, contrapondo-se a natureza das coisas, o sistema Vêdánta-Brahmáchárya coloca em risco com muita freqüência a sanidade dos praticantes, incorrendo em muitíssimos casos de suicídios e esquizofrenias, por exemplo, além de deformações anatômicas permanentes.

Já a proposta Sámkhya-Tantra tem outra abordagem que pode ser muito bem exemplificada por um ditado tântrico que diz:
“Se ao chão cais (numa alusão a vida material, física, execrada pelos praticantes de Yôga brahmácháryas, por considerarem-na uma fonte de dispersão ou vrittis), é com o auxílio do chão que levantarás”.

Ou seja, propõem uma práxis que não nega, entre tantas coisas, os condicionamentos, mas propõem substituí-los por outros, mais inteligentes, em uma espiral ascendente, que conduz o yôgin a incorporar escolhas mais sábias. Ocorre então, uma profunda, positiva, contínua e irreversível transformação karmica, até que os condicionamentos substituídos sejam tão sutis, refinados e transcendentes que produzem um espelhamento com o incondicionado (Púrusha) e o sádhaka (praticante) alcança a libertação.

Esta proposta de substituição dos condicionamentos, em verdade, ouvi do Mestre DeRose há um par de anos, em um dos seus tantos cursos e registrei por considerá-la muito inteligente sobre vários aspectos, mas aquele que mais me atraiu foi o fato de levar em conta a condição humana, sem negá-la ou reprimi-la, mas exaltar as oportunidades de aprimoramento e evolução nela embutidas.»


Texto extraído do blog do nosso querido professor Jóris Marengo em http://yogafloripa.com/blogdojojo/

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